« Tenho pena de vocês, neuróticos frustrados e políticos demagogos que descarregam vossa amargura em cima do meu cigarro para despistar e encobrir tantos problemas realmente imensos que não lhes interessa resolver. » Elisabete Gailewitch.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O soldado da borracha sem aposentadoria II

(continuação daqui)

Entrevista por zekatraca (Zk)

Zk – Onde o senhor nasceu?
Flávio – Nasci na localidade de Santa Luzia no baixo rio Madeira que a época pertencia ao município de Humaitá no estado do Amazonas.
Zk – Vamos falar da sua vida, da sua infância no beradão?
Flávio – Nasci no dia 22 de março de 1925 e já em 1936 com apenas 11 anos de idade comecei a cortar seringa acompanhando meu irmão, lá mesmo em Santa Luzia aonde tinha quatro estradas de seringa, na realidade, essas estradas ainda existem. Antes disso, com 8 anos em 1933 eu já fazia serão de tabaco.
Zk – Serão de tabaco quer dizer o que?
Flávio – Quando era tempo de colheita, a gente quebrava a folha de tabaco colocava na palha pra secar, e quando essas folhas já estavam secas, a gente se reunia na boca da noite para arrumar as capas para no outro dia fazer o molhe de tabaco.
Zk – O senhor falou sobre uma coisa que sempre tive curiosidade em saber, que é a produção de tabaco nas localidades do baixo rio Madeira. Para quem era vendido o tabaco?
Flávio – É! Naquele tempo a gente trabalhava muito com tabaco, agora quase ninguém mais planta tabaco no baixo Madeira. 
Zk – Quem comprava o tabaco de vocês?
Flávio – A gente vendia para os proprietários das fábricas de cigarro que existiam em Manaus. Agora, os maiores compradores eram os seringalistas que compravam para vender para os seringueiros.
Zk – Como é que se faz o chamado molhe de tabaco, aquele que se vende por libra.
Flávio – O molhe é assim, a gente pega a folha seca faz a capa e depois vai arrumando o tabaco dando formato ao molhe, depois disso passa na corda. A corda na época era feita de manilha, hoje é de sisal.
Zk – Hoje ainda se produz tabaco no baixo Madeira?
Flávio – Produz, poucos fazem, mas ainda fazem. Eu compro tabaco do meu irmão. Na ilha de Assunção que também é chamada de Ilha Grande o pessoal trabalha com a produção de tabaco.
Zk – O tabaco do baixo Madeira é bom?
Flávio – Acho que é o melhor que tem. É cheiroso e forte. Tenho pra mim que não faz mal fumar aquilo.
Zk – O chamado cigarro porronca que é feito com tabaco puro, é forte. Dá para tragar ou é usado apenas para fazer fumaça para espantar mosquito?
Flávio – Se tragar faz mal. Se não tragar não faz mal nenhum. O beradeiro usa apenas para fazer fumaça para espantar mosquito e também para sentir o cheiro da fumaça que é muito cheirosa. Tragar é uma barbaridade. O Gostoso do cigarro é puxar e soltar a fumaça, tragar é muito danoso.

1 comentário:

  1. Tá igual a um ex-presidente que disse quando experimentou a maconha, fumou mas não tragou rsrsrsrs

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